Desde muito jovem, minha experiência com artes visuais e música foi muito importante. O som do violino tornou-se familiar, assim como os belos desenhos encontrados numa gaveta, feitos pela minha mãe quando era estudante, em um pequeno quarto onde tudo tinha uma grande dimensão, mas sempre poética. Um contraste entre realidade e sonhos.

E assim, à medida que eu crescia, tanto quanto possível, transformações aconteceram, em meio a vórtices de desejos misturados com fantasias, acompanhados por algum conhecimento técnico. Entre as artes visuais, a cerâmica se destacou. E hoje, ouso transgredir o conhecimento acumulado dessa linguagem e até mesmo ouso transcendê-lo.

É possível?

Não sei.

- MARY DI IORIO -

HISTÓRIA

Mary di Iorio, artista visual, professora, pesquisadora, brasileira, vive entre as cidades do Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Atualmente, ela está desenvolvendo o trabalho "O TEMPO DOS PIÕES" juntamente com a construção de uma biblioteca para abrigar o projeto de pesquisa "Estudo e sistematização bibliográfico e bibliométrica sobre a cerâmica no Brasil", que permitiu Mary publicar seu primeiro livro.

Sua carreira como artista visual começou com uma exposição individual no Salão Jovem do Minas Tênis Clube, Belo Horizonte. Ela já realizou várias exposições individuais em grandes museus brasileiros e numerosas exposições coletivas no Brasil e no exterior. Suas obras foram publicadas em livros, jornais, revistas especializadas, catálogos e vídeos tanto no Brasil quanto ao redor do mundo.

EPISODIO 01 - O ATELIÊ

A percepção da artista se transfigura em um processo de ressignificar, reconstruir, deslocar, organizar e desorganizar a forma, de modo que o processo artístico transcenda uma simples repetição de padrões e referências artísticas.

Na investigação de Mary, a observação do cotidiano construiu sutilezas visuais próprias, que se manifestam em explorações de formas e estruturas com uma delicadeza sublime, forte e rígida. Essa abordagem resulta em uma simbiose entre o barro, a mão, a queima e a cerâmica, culminando em uma investigação estética que encanta e instiga o olhar..

Mary, através de seu olhar perspicaz e suas interações diárias, desenvolveu uma linguagem visual única que combina elementos contrastantes com precisão e harmonia. Suas obras não apenas capturam momentos efêmeros do cotidiano, mas também transformam esses instantes em composições atemporais que refletem a complexidade e a beleza intrínseca da vida. Esse diálogo contínuo entre técnica e intuição, ordem e caos, resulta em criações que convidam o espectador a uma jornada de descoberta e reflexão profunda.

-RAFAEL TRINDADE-

EPISODIO 02 - BIBLIOTECA

A artista, que se tornou professora, sentiu a necessidade, durante sua jornada, de ir um pouco além do simples fazer artístico. Agora, Mary extrapolou várias barreiras: ela organizou, catalogou e propôs um registro de vários momentos, que estão organizados, enfileirados e que, futuramente, serão compartilhados com a comunidade artística.

Os registros que, timidamente, começaram como recortes de fazeres artísticos relacionados à cerâmica hoje estão sendo estruturados e catalogados em uma extraordinária biblioteca, que conta a história não só da cerâmica, mas também do fazer artístico no Brasil.

-RAFAEL TRINDADE-

EPISODIO 03 - EXPERIÊNCIA DE CRIANÇA

A relação com o íntimo é sempre um desafio para a artista, que está a todo instante investigando o cotidiano, criticando com o olhar a forma, as singularidades e as necessidades que as intempéries do dia a dia colocam diante de seus sentidos. Um detalhe que é difícil explicar: é preciso ter calma, observar, não só as grandes referências ou os grandes artistas, mas também as minúcias que se apresentam ao seu redor.

Nessa sutil percepção, Mary, ao observar seu sobrinho, encontrou formas, ressignificações, curiosidades e potencialidades que permitiram suas sensações não apenas construir formas com o barro, mas também explorar, dentro de seu processo artístico, uma construção de linguagem visual.

-RAFAEL TRINDADE-

EPISODIO 04 - CAMINHOS E TRAJETOS

Neste episódio, voltamos ao passado da artista, relembrando exposições, relações criadas durante sua jornada, amizades construídas, e o acervo de obras que ela conseguiu organizar até o momento em sua biblioteca. Seu objetivo é manter pulsantes e vivas não só as memórias de sua própria produção, mas também o fazer artístico de diversos grupos e pessoas pelo país.

Reviver em poucos minutos a trajetória de Mary, a visão crítica sobre seu trabalho, conhecer um pouco das pessoas por quem ela tem admiração e carinho, permite ao espectador não apenas olhar para as obras, mas identificar um ser que pulsa, que constrói, que transforma e organiza todas as sutilezas do seu dia a dia em obras, registros e memórias que perdurarão.

Percorrer o caminho da jornada de Mary é investigar não só a relação da cerâmica brasileira com ela mesma, mas também incorporar um pouco de outras culturas, que instiga suas produções e novas formas de pensar a arte. Esse intercâmbio cultural e artístico entre os países vai além das trocas que proliferam as relações culturais, criando um diálogo enriquecedor que reflete em sua obra.

-RAFAEL TRINDADE-